sábado, 21 de março de 2015

As sem razões de ser capaz

Quando anunciei que ia enveredar por um Curso de Comunicação Social, a família e os amigos disseram que eu estava louca.
Como é que uma miúda tão tímida ia ser jornalista?
Mas tirei-o.
Quando disse que ia escolher uma universidade perto de casa, disseram-me que era quase impossível, com milhares de candidatos.
Mas eu consegui.
Quando disse que tinha escrito “A borboleta Zulmira” não acreditaram que eu conseguiria publicá-lo.
Mas eu publiquei.
Quando escrevi o romance “O verdadeiro amor nunca morre” disseram que o mais provável era nem me responderem da Chiado Editora.
Responderam e eu publiquei-o em junho deste ano.
Em grande parte da nossa vida ouvimos “porquê?”, “mas isso vale a pena?”, “serve para quê?”.
Quantas mulheres tentaram afirmar-se noutros tempos e não conseguiram tendo de utilizar pseudónimos no masculino?
Quantas pela força das palavras e da irreverência tentaram fazer a diferença?
Podemos falar em nomes como Coco Chanel, Margareth Thatcher, Leila Diniz, Joana D'Arc, entre tantas outras.
Ser mulher é lutar, é conseguir, é sermos Maria Capazes.
Tenho excelentes exemplos.
Um deles é o da minha querida avó.
Ilda é o seu nome.
Sozinha criou e educou uma filha. Em tempos difíceis, como quando andava na vindima, levava a filha consigo, que ficava dentro de uma caixa, à sombra, a brincar. Já lá vão mais de quarenta anos.
Revirava o mundo se fosse preciso para que os seus amores fossem felizes. É uma guerreira.  
A minha mãe é outro. É uma lutadora, a líder nata da família, o alicerce de todos nós.
Somos mulheres, damos vida, somos seres frágeis e fortes ao mesmo tempo, numa mistura doce e amarga como um cocktail.
N´”O verdadeiro amor nunca morre”, também uma Maria é a personagem principal daquela história. Naquele caso uma Maria Eduarda, que luta por manter uma família unida e consegue, mesmo com todas as adversidades, mesmo fugindo – lhe o tapete debaixo dos seus pés.
Como é bom ser mulher. Como é bom ser uma Maria.
Para vocês minhas corajosas Maria Capazes.



Hoje foi diferente



As estrelas que iluminam o céu



Hoje fui àquele local onde descansam os que já partiram. 
Volta e meia passo por lá. 
Entro a medo porque sei que me vai doer. 
Vai-me doer a alma. 
Isso é possível?
À medida que vou avançando, olho os rostos e fico assustada. 
Sim, fico assustada, porque conheço muitos deles...
Alguns andaram comigo ao colo. 
Outros diziam que não faltariam ao meu casamento. 
Depois há aqueles que não conheci, mas que sei de cor cada traço do rosto. 
Sei de cor, porque cresci a ouvir falar deles. 
Tenho saudades. 
Tenho tantas saudades. 
E sabem que mais?
A alma dói mesmo.