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sexta-feira, 15 de maio de 2015

A estrada

Sigo na direção que tenho de seguir. 
O meu coração ficou atrás. 
Apenas te olhei de soslaio.  
O teu cheiro entranhou-se no meu corpo, como se isso fosse possível se eu não te toquei. 
Ninguém sabe.
Só nós. 
O nosso passado mantém-se bem vivo, cheio de emoções que quase nos deixam nas entranhas um vazio que não sei explicar. 
Como as borboletas dançarinas se apoderam de mim e eu fico tola, sem jeito, sem noção, sem razão, desastrada, atrapalhada, confusa.
O meus pés não assentam no chão. Por baixo, areias movediças fazem com que possa cair a qualquer momento, num deserto do qual tenho tanto medo.  
Chego ao destino e não sei o que sinto. 
Tu não estás aqui. 
Não podes estar. 
Este segredo é só nosso e cada vez que os olhos se cruzam o tempo pára. Os segundos e os minutos deixam de ir no sentido da vida. 
Eu parei no tempo no dia em que me apaixonei por ti. 



segunda-feira, 11 de maio de 2015

Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca. 

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto. 

De repente coloridas 
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor. 

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado) 

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte. 

Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca' 





segunda-feira, 27 de abril de 2015

Fui

Estive fora cá dentro do nosso Portugal lindo este fim de semana.
Sorri, brinquei, esqueci, perdoei, amei.
Brindei à liberdade e à revolução dos cravos. 
Até o sol brilhou!
Andei de ténis, de cabelo desgrenhado e sem preocupações. 
Fui menina e mulher. 
Fui tão, mas tão feliz!














segunda-feira, 20 de abril de 2015

Mais um dia

Fui vê-lo este fim de semana. 
O quarto estava escuro. 
Não resmungou quando acendi a luz. 
Olhou para mim. Conheceu-me. 
Beijei-o na face e sentei-me ao lado dele. 
Falei-lhe durante horas. 
Estava atento ao que eu dizia. 
Perguntei-lhe o que tinha almoçado. Não se lembrava. 
No quarto pairava uma melancolia menor do que nos outros dias. 
Perguntaram-lhe se gostava que eu o fosse visitar. Acenou com a cabeça que sim. 
Disseram-lhe que no outro fim de semana não tinha ido lá. Concordou. 
Foi bom sentir que sabia quem eu era.
Quando não souber beijo-o, sento-me na cama dele e ajudo-o a lembrar. 



Fotografia: Jeffrey Pine







domingo, 12 de abril de 2015

O sonho

Hoje sonhei com ele. 
Foi como se estivesse ali comigo na cama. 
Sonhei aquilo que não consigo dizer. 
Sonhei aquilo que não sou capaz de fazer. 
Sonhei com risadas, com beijos e abraços. 
Senti que tinha conseguido dizer tudo o que me vai na alma. 
Senti tudo isso e muito mais. 
E quando acordei o meu coração doeu. 
Doeu porque voltei de novo à realidade. 


Para ti.