sexta-feira, 17 de abril de 2015

Amor de manas

Duas manas reencontram-se numa tarde de primavera. 
São tão diferentes. 
Uma tem o rosto marcado pelo sofrimento de uma vida vivida em prol dos seus. Roubaram-lhe o marido cedo de mais. 
A outra é a cara da mãe, tem os cabelos grisalhos e já se apoia numa bengala.
Que saudades eu tenho. 
Lembro-me de regressar da escola, ao final da tarde, dar-lhe o lanche e deitar-me no tapete da sala a ver a Carrinha Mágica e a comer bolachas de manteiga e chocolate até mais alguém chegar a casa.
Recordam-se desses desenhos animados?
Ah, como eu viajava com toda aquela magia! 
Ainda tenho na memória o lugar onde ela gostava de colocar a cadeira nos dias de sol sempre com o lenço na cabeça e o xaile pelas costas.
As manas conversam. 
O ambiente está pesado. 
Eu sinto. 
Toda a gente sente. 
Falam sobre este e aquele.
Falam sobre o tempo. 
Evitam o assunto. 
O tempo resfria como se de uma verdadeira despedida se tratasse. 
Eu dou um beijo à mana e digo "venha visitar-nos" e um com um sorriso responde-me "até um dia minha filha". 
A noite chega e com ela a esperança de que não seja um adeus. 


Fotografia: Sebastião Salgado

quinta-feira, 16 de abril de 2015

O verão


Confesso que já me perco a ver roupas de verão. 
Este website tem peças fantásticas! 
E quem disse que na praia as mulheres têm biquínis todos iguais?




segunda-feira, 13 de abril de 2015

Caminhar ao teu lado

Quero caminhar ao teu lado
Quero amparar-te
Quero seguir os teus passos
Quero ver-te voar
Quero ver-te feliz
Quero ceder
Sem nunca esquecer. 

Quero conhecer cada ruga
do teu rosto.
Quero perdoar
sem nada temer.
Quero lutar
Quero amar. 

Se um dia o sol deixar de brilhar
Se os pássaros deixarem de bailar
Se as árvores ficarem despidas
Se os mares deixarem de ter marinheiros
O meu amor por ti não venceu. 

Se esse dia chegar meu amor
Eu não serei eu
Nem tu serás tu. 





domingo, 12 de abril de 2015

O sonho

Hoje sonhei com ele. 
Foi como se estivesse ali comigo na cama. 
Sonhei aquilo que não consigo dizer. 
Sonhei aquilo que não sou capaz de fazer. 
Sonhei com risadas, com beijos e abraços. 
Senti que tinha conseguido dizer tudo o que me vai na alma. 
Senti tudo isso e muito mais. 
E quando acordei o meu coração doeu. 
Doeu porque voltei de novo à realidade. 


Para ti.


sexta-feira, 10 de abril de 2015

Coleção Carolina Herrera



Lindos de mais. Noivas vejam e deliciem-se. 



Carolina Herrera 'Daisy' Wedding Gown- Fall '15



Carolina Herrera 'Delfina' Wedding Gown- Fall '15


Carolina Herrera 'Dahlia' Wedding Gown- Fall '15



Coleção aqui:

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Se me esqueceres


Quero que saibas
uma coisa.

Sabes como é:
se olho
a lua de cristal, o ramo vermelho
do lento outono à minha janela,
se toco
junto do lume
a impalpável cinza
ou o enrugado corpo da lenha,
tudo me leva para ti,
como se tudo o que existe,
aromas, luz, metais,
fosse pequenos barcos que navegam
até às tuas ilhas que me esperam.

se olho
a lua de cristal, o ramo vermelho
do lento outono à minha janela,
se toco
junto do lume
a impalpável cinza
ou o enrugado corpo da lenha,
tudo me leva para ti,
como se tudo o que existe,
aromas, luz, metais,
fosse pequenos barcos que navegam
até às tuas ilhas que me esperam.


Mas agora,
se pouco a pouco me deixas de amar
deixarei de te amar pouco a pouco.


Se de súbito
me esqueceres
não me procures,
porque já te terei esquecido.


Se julgas que é vasto e louco
o vento de bandeiras
que passa pela minha vida
e te resolves
a deixar-me na margem
do coração em que tenho raízes,
pensa
que nesse dia,
a essa hora
levantarei os braços
e as minhas raízes sairão
em busca de outra terra.


Porém
se todos os dias,
a toda a hora,
te sentes destinada a mim
com doçura implacável,
se todos os dias uma flor
uma flor te sobe aos lábios à minha procura,
ai meu amor, ai minha amada,
em mim todo esse fogo se repete,
em mim nada se apaga nem se esquece,
o meu amor alimenta-se do teu amor,
e enquanto viveres estará nos teus braços
sem sair dos meus. 


Pablo Neruda, in "Poemas de Amor de Pablo Neruda" 

Fotografia: Ansel Adams